Como designer gráfico não podia deixar de escrever algo sobre o logo do blog. Ele foi resultado de uma intensa pesquisa sobre o simbolismo hindu e tibetano, dos tipos de mandala utilizadas na espiritualidade oriental e que refletem os conceitos do canal. 🙂
Cores
No Prazer em Sentir falamos basicamente de 3 assuntos que se interligam: Espiritualidade, Relacionamentos e Sexualidade. Cada vez que você ver elementos azuis estamos falando de tantra, bioenergia, filosofias, práticas orientais e espiritualidade. Os elementos vermelhos remetem ao sexo e sexualidade enquanto os amarelos a relações e relacionamentos.
Mas por que essas cores?
Mandala Azul
Na cultura hindu os tons verde, azul claro e azul escuro são as cores dos 3 chackras superiores relacionados com a espiritualidade e consciência que são respectivamente o Anahata (coração), Vishudha (garganta) e Ajña (terceiro olho). Ainda vou falar mais deles futuramente.
O tantra é uma filosofia prática que busca a elevação espiritual e a consciência do ser. Busca elevar nossa energia para os chackras superiores afim de elevar nossa percepção de mundo e de nós mesmos.
A cor azul na cromoterapia significa paz, tranquilidade e relaxamento. Traz confiança, aconchego, calma, foco e iluminação.
No nosso caso o tom do azul busca um pouco do verde para também trazer vitalidade, saúde e liberdade. Que são 3 conceitos muito importantes para o tantra.
Mandala Vermelho
A cor vermelha é a cor do nosso primeiro e mais primitivo chackra: o Muladhara. É onde está armazenada a nossa energia mais instintiva: Fome, sede, desejo sexual…é onde na cultura hindu fica armazenada nossa energia vital, chamada de “Kundalini“. A Kundalini, quando desperta, sobre pelo nosso corpo ativando todos nossos pontos energéticos e rompendo com nossas limitações.
Vermelho é a cor do fogo, do sangue. É a cor da paixão, do desejo, do amor. É uma cor muito intensa, utilizada na cromoterapia para aumentar a circulação, o metabolismo e a pressão arterial.
No caso do nosso blog o tom vermelho puxa mais para o bordô, trazendo mais sofisticação e requinte. Pois nossa sexualidade deve ser intensa e bonita. A naturalidade do sexo é belo por si só, ao contrário do que nossa cultura prega não deve existir nada de sujo ou feio na representação do ato sexual, ou do amor. Mas sim naturalidade, expressão, prazer e consciência.
Mandala Amarelo
O amarelo no hinduismo é a cor do nosso terceiro chackra, o Manipura. É o chackra por onde fluem as energias emocionais. Também é o chackra do ego, das relações e do poder. É o chackra central que reúne todas as informações, percepções e sentimentos e espalha pelo nosso corpo. As “borboletas no estômago” que temos quando nos apaixonamos vem de onde está localizado esse chackra.
Juventude, alegria, descontração e energia são as emoções resgatadas no uso do amarelo pela cromoterapia. Estimula a criatividade e o raciocínio.
Aqui usamos um tom mais escuro para dar mais serenidade e visibilidade.
E os elementos?
Nossa mandala é composta de vários elementos, vou centrar a explicação nos 5 principais: Hamsá, Yoni, Lingam, Flor de Lótus e Kundalini.
A mão (Hamsá)
A mandala da mão estendida é usada na tradição islâmica, budista e judaica. É chamado tradicionalmente de “Hamsá” ou”Mão de Fátima” (islamismo) ou “Amaya Mudra” (budismo). Dependendo da tradição tem significados distintos.
“Hamsá” em árabe significa literalmente. Essa mandala nasceu nessa cultura, se difundiu e atualmente é usado como amuleto em todo o planeta. É utilizado contra mal-olhado, energias negativas e para atrair proteção e energias positivas. No budismo também é utilizada na proteção contra o medo, elevação espiritual e reconhecimento de um Deus interior.
A Yoni
O termo “Yoni” significa em hindu “Fonte de vida”, “Templo Sagrado”, “Passagem divina” ou “Lugar de nascimento”. É a palavra usada para designar a vagina.
Na filosofia tântrica a Yoni é sagrada, um portal para o divino. Quando a Shakti (mulher) tem consciência de seu corpo e do potencial de sua Yoni ela pode transcender em um mar de consciência, sentimentos, empoderamento e amor próprio.
A vagina é um espaço de consciência viva, um poço de emoções e sentimentos. Um mar de prazer, amor, respeito. Um portal para a reconexão com sua deusa interior.
Aqui a vagina não deve se escondida, nem ser considerada feia ou suja. Vamos despertá-la da dormência adquirida por séculos de bloqueios, repressões, medos e preconceitos.
Na nossa mandala a Yoni está sendo mostrada com orgulho e como um canal de amor e aceitação. O clitóris (a porta para a yoni) está representada por uma flor que desabrocha, cresce e se abre para o prazer consciente.
O Lingam
Lingam em sânscrito significa “marco”, “sinal”, “inferência”. Também pode significar “Bastão de luz”. É a palavra para denominar o pênis.
O Lingam é usado no tantra para representar a energia masculina, ou a energia de Shiva (homem), a energia passiva que rege todo o universo. A junção do Lingam com a Yoni (que representa a energia feminina, ou Shakti, que é a manifestação física e ativa dessa energia universal) simboliza a união e o equilíbrio entre essas duas energias. Para o tantra não existe Shiva sem Shakti e não existe Shakti sem Shiva, ou seja, em todos nós está manifesta essa polaridade. Todos nós somos concebidos através da junção dessas duas energias e também carregamos ambas em nosso corpo.
A Flor de Lótus
A linda flor que desabrocha do lodo escuro. A lótus é considerada sagrada no oriente e até hoje um mistério da ciência, que não consegue explicar uma característica própria da flor de repelir microorganismos e partículas de poeira.
No simbolismo budista, a Lótus representa a pureza do corpo e da mente. O lodo que acolhe a flor remete ao apego aos desejos carnais. A flor que desabrocha em busca de luz é a promessa de elevação e iluminação espiritual.
No misticismo indiano cada chackra é representado por certo número de pétalas de lótus e em outras culturas orientais a flor é associada a elegância, pureza, beleza, perfeição e graça. No tantra é símbolo do príncipio feminino.
Nas religiões asiáticas é comum ver imagens de divindades sentadxs em flores de Lótus em pose de meditação.
A Lótus azul significa o triunfo do espírito perante a matéria. Significa sabedoria e conhecimento. Na natureza esse tipo de flor nunca desabrocha totalmente e seu núcleo nunca é exposto. Representa que o conhecimento jamais acaba e deve ser sempre contínuo.
A Lótus vermelha representa o amor, a paixão e a compaixão além de todas as outras qualidades ligadas ao coração. Naturalmente a lótus vermelha se abre por completo, como devemos fazer com nossos sentimentos, nossas paixões e nossos amores.
A Lótus amarela, apesar de não fazer parte do simbolismo budista, pode representar a parte intelectual e a expressão de nossos pensamentos. A celebração e alegria.
Kundalini
Também chamada de Tchi na filosofia chinesa, Ki no Japão, “orgone” para o médico e psicanalista Wilhem Reich, a Kundalini (para a tradição hindu) é a energia vital que nos move.
Dentro da filosofia tântrica a Kundalini fica armazenada no primeiro chackra como se fosse uma mola e é formada de “prana”, ou seja, a energia universal que todos os seres vivos se alimentam. Através de exercícios de respiração, meditação, yoga e inclusive durante o orgasmo podemos despertar essa energia, que sobe como uma cobra pela coluna nos levando a estados alterados de consciência. Provavelmente muitos de nós já experimentamos alguma manifestação dessa energia, seja através de arrepios, espasmos ou ondas de prazer que nos percorrem coluna acima (durante uma boa gozada, por exemplo).
Futuramente irei escrever um artigo mais detalhado somente sobre a Kundalini mas é importante ressaltar que raramente ela irá se libertar e subir por completo. O que experimentamos é nada mais que pequenas manifestações dessa energia ocasionadas pelo prana, que em si já podem ser intensas. Segundo as filosofias orientais a subida total da Kundalini pode trazer sérios problemas físicos e psicológicos a pessoas não preparadas para tal. Pois é uma energia muito forte que dissolve nossos paradigmas e a conexão com o mundo que conhecemos.
As práticas tântricas se baseam em principalmente estimular a subida dessa energia. Na mandala do Prazer em Sentir essa elevação é simbolizada pelos pontos que se elevam pelo Lingam e se espalham pelo desenho por baixo da Yoni. Também remetendo ao gozo, uma das energias base que compõe a Kundalini.
Prazer em Sentir
Então é isso gente. Espero que tenham gostado e se identificado com nossa mandala. Que durante nossa jornada ela traga tudo que simboliza para nossa vida.