Nós homens somos criados a expressarmos nossa sexualidade de maneira mais explícita que as mulheres. Em geral somos menos recriminados quanto a auto-exploração de nossos corpos ou a expressar nossos desejos sexuais.

Porém será que essa expressão disfarçada de liberdade é saudável?

Dentro da nossa cultura judaico-cristã a sexualidade é vista sob o manto da culpa. e da vergonha. Quando alguém pensa muito em sexo falamos que tem a “mente poluída”. A maioria dos palavrões e termos pejorativos estão ligados ao ato sexual.

Ou seja, enxergamos a expressão, que deveria ser natural, de nossa sexualidade como algo sujo, pecaminoso, profano. Exatamente no sentido contrário da noção de “Amor”, que deve ser “puro”e, paradoxalmente, “casto”. E esses conceitos são válidos para ambos os gêneros, apesar de pouco se falar como essa repressão afeta aos homens e ocasionam muitos de seus bloqueios sexuais.

Nesse artigo irei tentar resumir alguns deles. Uns ainda me afetam, outros já me afetaram como homem. E a maioria afeta a quem me procura dentro da Terapia Corporal.

1. Vergonha dos sonhos molhados

Assim como a primeira menstruação pode ser embaraçosa para uma jovem sem educação sexual ou sobre a mudanças de seu corpo a polução noturna (ejaculação involuntária durante o sono) pode somatizar em vergonha e retração do homem para com a própria ejaculação.

2. Medo de ser visto fazendo sexo

Por mais que, se referindo a expressão sexual, nós homens somos mais estimulados que as mulheres a nos expressarmos o sexo ainda é visto como algo vergonhoso e proibido. E o “proibido”, dependendo de como o inconsciente processa isso, pode virar tanto um fetiche quanto uma limitação. Muitos homens tem bloqueios em fazer sexo em lugares inusitados.

3. Repressão religiosa ou cultural

Muitos homens sofrem repressões duras quanto a sua sexualidade por imposições religiosas ou culturais.

Desde o próprio ato masturbatório proibido até a obrigação de casar virgem e não cometer atos considerados “pervertidos”. As consequências são várias, desde ansiedade e auto-cobrança no ato sexual, que somatizam em disfunções eréteis ou ejaculação precoce a episódios de raiva, tentativa de controle da parceria, tendências ao abuso justamente por causa da insegurança e falta de maturidade emocional geradas pela impossibilidade de viver e experimentar.

4. Dúvidas quanto a sua orientação sexual

A pressão por se encaixar em rótulos faz com que muitos homens entrem em uma crise identitária. Já atendi homens que tiveram relações saudáveis com ambos os sexos, mas se sentem culpados por não escolherem um dos lados. Ou pessoas que se sentem heteros, porém já tiveram relações satisfatórias com pessoas do mesmo gênero, e entram em conflito sobre se realmente são heteros. 

 

5. Rejeição violenta por parte das amantes.

Apesar de menos danos que a rejeição por grandes amores. A rejeição constante por parte de parcerias casuais, sem um diálogo maduro, também pode causar, devido ao acúmulo de frustrações, na auto-estima masculina.

bloqueios masculinos

6. Abuso sexual na infância

O abuso sexual gera traumas profundos em qualquer pessoa. Enquanto cerca de 40% das mulheres que atendo já sofreu algum tipo de violência sexual 30% dos homens que me procuram também sofreram algum episódio de abuso na infância ou adolescência. 

Muitas vezes o abuso não é visto como tal pois, no momento, foi prazeroso para a pessoa. Mas por ser uma situação de vulnerabilidade e insegurança de um ser que não tem maturidade emocional para lidar com isso, acaba somatizando no corpo e na psiquê.

 

7. Arrependimento por traições ou imoralidades

Culpas não resolvidas por traições à pessoa amada podem gerar insegurança e ansiedade. Geralmente expressas através de tentativas de controle e ciúmes excessivos (achando que a parceria pode fazer o mesmo).

 

8. Medo de falhar e ansiedade por performar bem durante o sexo

A pressão pela performance, a imagem do sexo focada na penetração e a auto-cobrança para levar a parceria ao orgasmo constantemente resultam em episódios de disfunção, ejaculação rápida e então, mais auto-cobrança, gerando um círculo vicioso.

 

 9. Vergonha da ereção, do tamanho do pênis ou de impotência

 A falta de educação sexual, a cultura do pornô e o não-diálogo, seja na família ou entre amigos, sobre sexo faz com que a maioria dos homens se sintam solitários em seus problemas, por mais comuns que eles sejam.

A comparação do tamanho do pênis é uma constante, assim como a capacidade eretiva. Dentro de nossa sociedade ostentar um pênis ereto é digno de orgulho, símbolo de prazer e poder. Já o pênis flácido é vergonhoso e deve ser escondido.

No mundo pornô as atores tem sempre membros grandes e sempre eretos, o que não condiz com a realidade.

A auto-cobrança para dar prazer aos parceiros ( e a associação masculina com a ereção esperada pelas mulheres) aumenta ainda mais a tensão, ansiedade e nervosismo na hora H.

10.Traumas durante a circuncisão

 Muitos adolescentes optam pela retirada do prepúcio, seja por problemas como fimose ou outras questões relacionadas a limpeza, menor incidência de ISTs ou até por questões estéticas.

O fato é que a retirada do prepúcio causa uma perda significativa na sensibilidade da glande, já que a pele antes protegida agora fricciona constantemente com as roupas, fazendo com que ela “engrosse”. Logo após a cirurgia a glande pode ficar hipersensível e depois vai perdendo a sensibilidade. Para um adolescente no começo de vida sexual o medo de ter relações pode se estabelecer criando o mesmo padrão de ansiedade e tensão durante os encontros sexuais. Que pode se manifestar como falta de libido ou  disfunções sexuais.

 

bloqueios sexuais masculinos

11. Raiva, ódio reprimido ou sentimentos negativos engolidos

 A criação machista inibe qualquer tipo de expressão emocional do homem. “Seja homem!”, “Homem não chora!” são frases que ouvimos desde nossa infância. E a única maneira que somos criados a expressar nossas emoções é através da violência. Lutas, guerras, competições…é o que fascina o macho. E nos relacionamentos não é diferente. Ao aumentar a voz, virar de costas e fugir de uma discussão, esmurrar a parede, o homem está tentando aliviar a sua raiva da forma que conhece. Pois chorar, se mostrar vulnerável, conversar…é muito difícil, para não falar uma tarefa impossível.

E esses sentimentos não expressos podem gerar distanciamento do casal, falta de conexão e podem se manifestar inclusive num padrão de sexo violento. 

12. Se sentir inadequado nas relações

 Quando um homem se sente deslocado em uma relação geralmente ele tem dificuldade de expressar. Simplesmente porque, como falamos acima, ele não consegue se mostrar vulnerável, baixar a guarda e demonstrar o que sente.

Tal insegurança pode refletir na intimidade do casal, quando o parceiro está num estado de tensão constante que pode refletir num distanciamento, falta de libido e sensação de estar acuado.

13. Rejeições ou grandes mágoas para com grandes paixões

 Homens tem mais dificuldade e demoram mais tempo para superar uma rejeição ou decepção amorosa. Rejeições por parte da pessoa amada podem gerar marcas profundas e difíceis de serem curadas fazendo com que ele tenha dificuldades de se envolver e mergulhar em outras relações.

 

14.Variação emocional muito alta durante a puberdade

 A adolescência é um período bem intenso e sensível. São durante esses poucos anos que seu corpo mais se transforma, assim como sua formação como indivíduo se consolida.

A comparação do seu corpo para com o do seu colega mais velho, início do desejo e expressão sexual, imaturidade emocional e explosão hormonal. Tudo isso forma uma combinação explosiva para institucionalizar o caos durante esses poucos anos.

Se alguém sofre muita rejeição, bullying…ou inclusive a pressão por manter constantemente uma imagem da pessoa desejada e aprovada pelo grupo podem gerar traumas que se carregam para a fase adulta, criando máscaras ou bloqueios para se proteger.

 Problemas sexuais, medo de se envolver, timidez, nervosismo, ansiedade, dificuldade de se expressar, de ficar a vontade de se mostrar além das aparências ou ser receptivo a mudanças..são exemplos de padrões que podem vir dessa adolescência traumática.

 

15. Culpa para com a masturbação

 Homens se masturbam com mais frequência que as mulheres, que desde muito novas são recriminadas por colocarem as mãos e explorarem seus genitais.

Essa auto-exploração, em parte, se naturaliza pelo fato do pênis ser um órgão externo e estar sempre a mostra. Desde pequeno o menino é ensinado a botar a mão para fazer xixi e direcionar o jato de urina. Mas por mais que o ato seja mais natural, não quer dizer que o sentimento vinculado a ele o seja.

Para muitos homens o ato de se masturbar sempre veio acompanhado com sentimentos de culpa e vergonha. Para ambos os gêneros a masturbação acaba sendo algo a ser feito de maneira escondida, em silêncio, cheio de tensão. Algo que não se pode falar para ninguém. O próprio “se dar prazer”de forma tão fácil acarreta numa culpa. Já que para todo o resto é preciso ser merecedor. Então a masturbação acaba virando um ansiolítico natural. Com movimentos rápidos, fortes e certeiros o orgasmo chega em minutos. E assim o corpo relaxa. Assim a culpa por se tocar não é sentida por muito tempo.

Dificilmente alguém utiliza ou aprende a utilizar a masturbação como um ato de amor próprio onde todo o corpo é explorado e se demora nos toques. Para a maioria dos adultos (de ambos os sexos) tal prática gera ansiedade, o cérebro imerge em pensamentos, não se consegue focar no corpo.

 

Se identificou com algum desses aspectos? Pode ter certeza que você não está sozinho. Respire fundo e mude esse padrão. Relaxar e baixar a guarda não é sinal de fraqueza, mas sim de coragem e força.

Olá! Sou João Molden (Deva Okmar Anand)

Olá! Sou João Molden (Deva Okmar Anand)

Criador do TIESC (Terapia de integração Emocional e Sexualidade Consciente)

Já passei por diversos mestres e tutores em que seus conhecimentos e sabedoria me possibilitaram desenhar meu próprio caminho e expandi-lo para inúmeras possibilidades. 

Através de práticas e ferramentas antigas e contemporâneas, ocidentais e orientais, te convido a ir além do tradicional para a compreensão de si mesmo. De suas emoções, sentimentos, desejos e dores.  A inspirar você a abraçar sua essência e assim trazer momentos de mais leveza, amor, liberdade, consciência e prazer para o seu dia a dia.

Descobrir mais sobre mim e minha ligação com o mundo me move a passar isso também para as outras pessoas. Acredito que a mudança no mundo parte primeiro da mudança em nós mesmos.

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